Marcelo Evelin
Marcelo Evelin é bailarino, coreógrafo e pesquisador. Vive entre Teresina e Amsterdam e trabalha no Brasil, Japão e em vários países da Europa como artista independente a frente da Plataforma Demolition Incorporada, baseada no CAMPO, um espaço de Residência e Resistencia das Artes Performáticas em Teresina, no Piaui. Seus espetáculos “De Repente Fica Tudo Preto de Gente”, “Batucada” e “A Invenção da Maldade” circulam atualmente por teatros e festivais do mundo. Ensina na Escola Superior de Artes de Amsterdam desde 1999 e vem criando projetos junto a Universidades e cursos de mestrado, entre eles ISAC (Bruxelas), Museu Reina Sofia (Madri), EXERCE (Montpellier) e CND (Paris). Em 2019 recebeu o titulo de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Piauí. Em 2020 criou "And Yes, I sad Yes, I will Yes" para Coroline Eckly/Companhia Carte Blanche (Bergen,Noruega), “Drama” para La Manufacture (Lausanne, Suíça), “La Nuit Tombe Quand Elle Veut” (Rennes, França) em colaboração com Latifa Laabissi, e reapresentou seu solo "ai, ai, ai" (1995) no Festival d'Automne em Paris. Em 2022 recriou o acontecimento performático BARRICADA para o Festival Transborda (Almada, Portugal) e estreou UIRAPURU a mais recente criação da Plataforma Demolition Incorporada.
Demolition Incorporada
Demolition Incorporada foi criada como uma plataforma de criação em dança, na cidade de Nova Iorque no inverno de 1995, durante o processo de criação do solo ai, ai, ai. Surgiu como lugar-situacao-de-trabalho do coreógrafo Marcelo Evelin, do criador de arte John Murphy, da bailarina Anat Geiger e do técnico de som Jaap Lindijer, e a partir da colaboracão destes artistas entre si.
A idéia de “demolição” do nome, veio desse processo complexo e absolutamente coreográfico usado na demolição de edifícios. Demolição aqui nada tem a ver com destruição. Demolir é remover um volume de forma específica, para ali naquele contexto, fazer surgir um outro.
A plataforma Demolition Inc. surge com a proposta de não se estabelecer como um grupo ou uma companhia fixa, nos moldes tradicionais vigentes, mas sim como uma plataforma de atuação capaz de agregar artistas e outros colaboradores em torno de uma forma horizontal e interdisciplinar de existir. Outra característica essencial da plataforma, sempre foi a de ser e estar móvel, atuando em diferentes lugares do mundo e sempre em parceria, com companhias, escolas, centros culturais comunitários e fundações ligadas a arte contemporânea.
Demolition Incorporada surgiu como demolition Inc., referindo-se a palavra inglesa incorporated, e nesse momento passa a utilizar definitivamente a palavra de língua portuguesa “incorporada”, que se relaciona diretamente com corpo e com tornar-se corpo, mas tambem com a tradição afro-brasileira de caráter ritualístico e popular.
O solo inaugural ai, ai, ai, tornou-se o cartão de visita do coreógrafo e bailarino Marcelo Evelin, inaugurando um outro modo de operar, uma outra estética e um posicionamento decisivo em sua carreira de criador, a frente de demolition Incorporada. ai, ai, ai recebeu o prestigioso prêmio de pratas das artes holandesas, foi apresentado mais de 80 vezes em vários países, e recentemente foi retomado 15 anos depois de ter sido criado e vem sendo apresentado em festivais e teatros no mundo.
Demolition Incorporada passou a atuar com mais freqüência no Brasil em 2006, com base em Teresina, quando Marcelo Evelin fundou o centro e núcleo de criação do Dirceu na periferia da capital do Piauí. Sua atuação se ampliou de uma esfera apenas artística, para a esfera do social e do político, tendo sido determinante para a profissionalização da dança no estado e o surgimento de novos modos de produção em dança. Esse trabalho foi contundente sobretudo na área de formação: de novos artistas, de ambientes de gestão artística, e de um público mais crítico e participativo.
Depois desses 20 anos de participação efetiva no mundo das artes, com realizações a nível de produção de espetáculo e criação de programas de formação e gestão, - além de uma articulação a nível internacional que passa a incluir Teresina como parte do panorama mundial das artes contemporânea - Demolition Incorporada abre seu estúdio na cidade de Teresina: Um canteiro de obras mais intimista e mais próximo de seu público, onde os conteúdos que redimensionaram e ainda definem o seu trabalho serão postos a prova, por (pelo menos) mais vinte anos de dança.
SOBRE MARCELO EVELIN
Marcelo Evelin é coreógrafo, pesquisador e intérprete, vive e trabalha entre Amesterdão e Teresina.
Nascido em Teresina, Brasil, Evelin mudou-se para Paris em 1986, onde estudou dança com Peter Goss, Lila Greene, Mark Tompkins, e Odile Duboc. De Paris, ele se mudou para Amesterdão em 1987, onde estudou na Escola de Nova Dança (SNDO), trabalhou com companhias de dança e teatro locais, e, em 1988, foi estagiário no TanzTeatro Wuppertal sob a direção de Pina Bausch.
Deu seus primeiros passos como coreógrafo em 1989, dando inicio à construção de um corpo de trabalho que hoje é composto por mais de 30 peças. Nos primeiros anos de sua carreira, ele colaborou extensivamente com artistas de diferentes disciplinas em projetos que envolvem dança, teatro físico, performance, música, vídeo, instalação e site-specific, em países como os Estados Unidos, Uruguai, Itália, Hungria e Brasil.
Enquanto vivia em Nova York em 1995, Evelin coreografou e dançou sua longa-metragem de solo autobiográfico, Ai, Ai, Ai. Distinguido com o Prémio de Prata Dança das Artes na Holanda, "Ai, Ai, Ai" foi apresentada mais de oitenta vezes desde a sua estreia em Amsterdã há vinte anos.
Em 1996, fundou sua empresa Evelin Demolition Inc. em Amsterdã e criou uma série de quatro pecas, a tetralogia "Deus de Quatro". Desde 1999, Evelin tem ensinado regularmente na Escola Mime em Amsterdã, onde ele também cria peças e orienta os alunos em seus próprios processos criativos. Ele ministrou oficinas, fez palestras sobre seu trabalho, e orientou residências ao redor do mundo, na Europa, nas Américas, África e Ásia.
Ao retornar ao Brasil em 2006, Evelin começou a desenvolver também um trabalho de gestor e curador. Ele fundou o Núcleo do Dirceu, um coletivo de artistas e plataforma para pesquisa e desenvolvimento das artes cênicas contemporâneas , que coordenou até 2013. Com Núcleo do Dirceu, dirigiu "1.000 Casas", um projeto de dois anos que envolveu performances em 1000 casas na periferia do Dirceu, Teresina, e uma instalação-coreográfica apresentada em diferentes cidades do Brasil.
Em 2003, ele começou a trabalhar em uma trilogia baseada no romance Os Sertões do autor brasileiro Euclides da Cunha, que narra a história de uma guerra no sertão nordestino, uma area pobre e áridas do Brasil. As três partes do livro - a terra, o homem, a luta - correspondem à "Sertão" (2003), a "Bull Dancing" (2006), e "Matadouro" (2010), apresentado extensivamente em festivais e teatros em todo o mundo.
"Matadouro" teve sua estréia francesa no Festival d'Automne, em Paris e posteriormente foi apresentado no Festival Latitudes Contemporaines em Lille e HTH em Montpellier. Suas criações mais recentes, De Repente FICA Tudo preto de gente (2012) e Batucada (2014), foram apresentados no Kunsten Festival des Arts (Bruxelas), Panorama Festival (Rio de Janeiro), Kyoto Experiment (Japao), TransAmériques Festival (Montreal), Tanz im August (Berlim), Malta Festival (Poznan), Festival da Primavera (Utrecht), Bo: m Festival (Coreia do Sul), e Dance Umbrella (Londres), entre outros.
Em" De Repente fica tudo preto de gente", com base em "Massa e Poder" obra seminal de Elias Canetti, o público compartilha o espaço da performance com os dançarinos, em um espaço de semi-escuridão.
"Batucada" é um evento para 50 artistas profissionais e não profissionais de 14 nacionalidades, encomendado pelo Kunsten Festival des Arts, em Bruxelas. "Batucada" foi recriada com os participantes locais para Frankfurter Positionen 2015, e em Teresina, São Luis, e outras cidades do Brasil.